quinta-feira, novembro 09, 2006

Só os Olhos Comem



Felizmente, Marie Antoinette não é um libelo feminista. A história da rainha de França acaba por ser contada em tons de “teenage angst” oitentista, berrante, luxuriante, veloz.

Antes de entrar na apreciação qualitativa, importa lembrar que a obra anterior DA Coppola (desculpem, provocação…) é um monumento em surdina cuja influência perdurará. Marie Antonette faria sempre figura de irmã mais nova, com maiores facilidades de percurso, mas sempre a ter de medir forças com o antecessor. Mas a verdade é que este é um filme algo imperfeito, sobretudo em termos rítmicos, diferente para melhor após a morte de Luís XV. Até então, o que se mostra é a preparação para a tomada do poder pelos futuros reis, vergados pelo peso do protocolo e das responsabilidades reais. É um filme que só se revela, esteticamente, depois dessa morte, porquanto o que vem antes é pesado e sofre, por exemplo, com o overacting de Judy Davis.

O segundo filme dentro de Marie Antoinette tem muito mais de The Breakfast Club (John Hughes, 1985) que de A Subida ao Poder de Luís XIV (Roberto Rosselini, 1966). É nessa altura, inclusivamente, que a música ganha batidas e os audaciosos anacronismos se revelam (All-Star à cabeça). Aí, a realizadora mostra todo o seu conhecimento em termos de cultura pop, e em que a música revela o bom gosto já habitual (New Order, Gang Of Four e The Cure). Mas falta sempre algo: espessura, significado, humanidade. Os olhos e os ouvidos saem refastelados. A cabeça pede mais do que coerência estética e encenação cuidadosa.

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3 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Já vi críticas péssimas a este filme, aliás, é o que mais tenho visto.

Entendo o deslumbre de querer compara "Marie Antoinette" a "Lost in Translation". Mas tem que se fugir a esse imediatismo...

"Lost in Translation" é uma obra prima, "Marie Antoinette" não o é, mas não deixa de ser um bom filme.

8:19 da tarde, novembro 13, 2006  
Blogger Hugo disse...

Acho que o Ursdens acertou na mouche

11:06 da manhã, novembro 14, 2006  
Blogger Ricardo Lopes Moura disse...

ontem revi no canal Hollywood a Entervista com o Vampiro, e voltei a reverenciar a representação da Kirsten Dunst, que ja n tinha bem presente. Ela perdeu-se um bocado por dramas e comédias juvenis, mas encontrou o passo com as Virgens Suicidas e é finalmente, e de pleno direito, rainha. É pena que o filme se fique pelo futil e pelo decorativo, mas está bem filmado.

claro que achei bem mais que isto, se fizeres o favor de espreitar em www.axasteoque.blogspot.com

2:59 da manhã, novembro 22, 2006  

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