A Função Crítica
1. A avaliação de uma obra de arte é tarefa impossível. Aquilo que, tradicionalmente, é apelidado de avaliação deveria ser apelidado de opinião.
Se assim é, tal deve-se ao carácter não-objectivo da mesma. Ao contrário de uma televisão, de um frigorífico ou de um automóvel, os critérios de qualidade de um filme, um livro ou um quadro não são uniformes, nem podem ser cientificamente testados de acordo com uma grelha padronizada. A classificação torna-se, então, simultaneamente o ponto de encontro e o símbolo da distância entre crítico e leitor.
2. Uma crítica não deve nunca ser, do ponto de vista editorial, um instrumento publicitário.
Um texto crítico não pode deixar de corresponder, na medida do possível, a uma enumeração e a um levantamento dos elementos constituintes de uma obra. Contudo, semelhante acto académico não pode bastar. Tal tornaria a função crítica mais democrática (porque mais simples), mas também mais pobre (pelo mesmo motivo). Sobretudo, perder-se-ia toda a ascese da exegese.
3. Uma crítica feita sem qualquer noção de cinema, de escrita ou de estrutura narrativa, é um acto de liberdade fútil.
Ao escrever mediante um simples impulso pessoal, desbaratando tudo o que deve enquadrar o texto, perder-se-á a essencial inserção do objecto de crítica no meio que, em parte importante, lhe dá forma, bem como a sua inserção na tradição de pensamento da actividade crítica. Nada disto é especialmente grave se alguém o fizer por catarse ou por divertimento; pode ser incapacitante se o “código crítico” – a partilha de um mesmo código é sempre o cerne de qualquer comunicação – não for respeitado em certos momentos, embora deixando sempre espaço para intervenção pessoal.
4. A função crítica pode, então, ser entendida como a ponte entre o espaço público e o espaço privado.
A crítica publicada tem de se imiscuir na visão pessoal do espectador, forçando-o a testá-la, a confirmá-la ou a refutá-la. Deste modo, o elaborar de uma visão pessoal por parte do crítico tem uma utilidade inequivocamente direccionada ao leitor. Será, então, um auxiliar de discussão, discussão interior porque impossível, pela quantidade de leitores, de ser pública na sua totalidade.
Se assim é, tal deve-se ao carácter não-objectivo da mesma. Ao contrário de uma televisão, de um frigorífico ou de um automóvel, os critérios de qualidade de um filme, um livro ou um quadro não são uniformes, nem podem ser cientificamente testados de acordo com uma grelha padronizada. A classificação torna-se, então, simultaneamente o ponto de encontro e o símbolo da distância entre crítico e leitor.
2. Uma crítica não deve nunca ser, do ponto de vista editorial, um instrumento publicitário.
Um texto crítico não pode deixar de corresponder, na medida do possível, a uma enumeração e a um levantamento dos elementos constituintes de uma obra. Contudo, semelhante acto académico não pode bastar. Tal tornaria a função crítica mais democrática (porque mais simples), mas também mais pobre (pelo mesmo motivo). Sobretudo, perder-se-ia toda a ascese da exegese.
3. Uma crítica feita sem qualquer noção de cinema, de escrita ou de estrutura narrativa, é um acto de liberdade fútil.
Ao escrever mediante um simples impulso pessoal, desbaratando tudo o que deve enquadrar o texto, perder-se-á a essencial inserção do objecto de crítica no meio que, em parte importante, lhe dá forma, bem como a sua inserção na tradição de pensamento da actividade crítica. Nada disto é especialmente grave se alguém o fizer por catarse ou por divertimento; pode ser incapacitante se o “código crítico” – a partilha de um mesmo código é sempre o cerne de qualquer comunicação – não for respeitado em certos momentos, embora deixando sempre espaço para intervenção pessoal.
4. A função crítica pode, então, ser entendida como a ponte entre o espaço público e o espaço privado.
A crítica publicada tem de se imiscuir na visão pessoal do espectador, forçando-o a testá-la, a confirmá-la ou a refutá-la. Deste modo, o elaborar de uma visão pessoal por parte do crítico tem uma utilidade inequivocamente direccionada ao leitor. Será, então, um auxiliar de discussão, discussão interior porque impossível, pela quantidade de leitores, de ser pública na sua totalidade.
Etiquetas: Ensaio
2 Comentários:
Exacto. Permito-me realçar o "ponto 3": sem a noção do que é Cinema, nada feito.
O problema desse ponto prende-se com o facto de essa ausência de conhecimentos começar a passar da blogosfera para a crítica escrita...
Precisamos de críticos a pensar assim. Força!
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