Uma Chamada Perdida
A brejeirice natural poderia fazer-nos pensar que que Uma Chamada Perdida estreia em Portugal apenas por dois factores aqui omnipresentes: a violência infantil e os télémoveis. Grosseria à parte, é de saudar a estreia de uma película de Takashi Miike em Portugal, mesmo que para isso se aproveitem eventuais similaridades deste com remakes americanos de fitas de horror nipónicas.
Consequentemente, apenas a espaços o filme encontra a estética de choque colada ao cineasta japonês. A melhor comparação possível para esta história, misto de pesadelo e mito urbano, é um ar condicionado na sua potência máxima fixamente apontado a um ponto nas costas, fazendo assim o frio alastrar ao resto do corpo. Gélido, fluente e iconoclasta (transforma figura prezadas da infância como a família e o ursinho de peluche em figurinos num cenário de morte) perde apenas em ser um tanto banal visualmente, e em não ter momentos de pânico e de horror visual como o final de Audition (1999). Tem, em contrapartida, uma eficácia muito prezável, uma riquíssima encenação do sensacionalismo televisivo e um plano de uma jovem agarrada a um cadáver que, fosse Miike mais pretensioso, poderia ser um condensado de Ringu com Lágrimas e Suspiros. É apenas bom, e numa altura tão má para o terror não-oriental, isso não é nada mau.
Etiquetas: Impressões
3 Comentários:
Bom, voltamos a discordar. Há um momento de cinema: quando a protagonista entra na casa até o amigo (não me lembro de nomes) conseguir desligar o telemóvel. De resto, é banalíssimo até ao final. Onde de banalíssimo muda para pretencioso.
Olá Miguel!
Quando vi este filme no último FantasPorto, fiquei bem impressionada. Nunca me esquecerei do ursinho de peluche (a que fazes referência), da música do telemóvel (arrepiante!) e da transfiguração no programa de televisão.
Boa relação com Bergman!
Não gostei, até meio ainda se aguenta, mas depois é um descalabro...
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