Horas na Cinemateca - II
As divas produzem-se ou existem por si mesmas?
Note-se: quando se faz esta pergunta, não se entende por produção o tradicional melhoramente estético que os membros do sexo feminino dominam; entende-se, antes, um programa concertado para exponenciar os atributos físicos de uma qualquer actriz. Resumindo, a questão é: predomina a aura ou o veículo?
Tudo isto a propósito de Casque d’Or, obra de 1952 de Jacques Becker, que a 1 de Setembro de 2006 inaugurou o ciclo comemorativo do centenário do nascimento do cineasta francês.
Ambientado nos finais do século XIX, é a história de amor entre George Manda (óptimo Serge Reggiani) e Marie (divina Simone Signoret), terminada pela inveja e cobiça de Felix Leça, o líder de uma quadrilha local de criminosos.
É um filme que tem imensas qualidades: um uso genial da luz, excelentes interpretações (Reggiani à cabeça), e uma fluência e uma estética que devem muito à do grande Jean Renoir.
Mas tudo isso acaba, numa primeira visão, por ser secundário face à forma – literalmente – luminosa como Becker filma Simone Signoret, fazendo dela o centro do filme, numa relação entre um realizador e uma actriz que só encontra paralelo nos filme de Sternberg com Dietrich ou nos de Bergman com Ullman. Aqui, Signoret é um monumento, uma relação do homem com o Sagrado á maneira de Platão. Não há, pelo menos durante hora e meia, diva como ela. Mas, lá está: de quem é o mérito?
Note-se: quando se faz esta pergunta, não se entende por produção o tradicional melhoramente estético que os membros do sexo feminino dominam; entende-se, antes, um programa concertado para exponenciar os atributos físicos de uma qualquer actriz. Resumindo, a questão é: predomina a aura ou o veículo?
Tudo isto a propósito de Casque d’Or, obra de 1952 de Jacques Becker, que a 1 de Setembro de 2006 inaugurou o ciclo comemorativo do centenário do nascimento do cineasta francês.
Ambientado nos finais do século XIX, é a história de amor entre George Manda (óptimo Serge Reggiani) e Marie (divina Simone Signoret), terminada pela inveja e cobiça de Felix Leça, o líder de uma quadrilha local de criminosos.
É um filme que tem imensas qualidades: um uso genial da luz, excelentes interpretações (Reggiani à cabeça), e uma fluência e uma estética que devem muito à do grande Jean Renoir.
Mas tudo isso acaba, numa primeira visão, por ser secundário face à forma – literalmente – luminosa como Becker filma Simone Signoret, fazendo dela o centro do filme, numa relação entre um realizador e uma actriz que só encontra paralelo nos filme de Sternberg com Dietrich ou nos de Bergman com Ullman. Aqui, Signoret é um monumento, uma relação do homem com o Sagrado á maneira de Platão. Não há, pelo menos durante hora e meia, diva como ela. Mas, lá está: de quem é o mérito?
Etiquetas: Horas na Cinemateca
3 Comentários:
Eu diria que é 50-50. A Signoret tem o mérito de fazer esquecer tudo quando aparece.
Não me digas que estavas no sítio do costume e eu, cego monumental, não te vi? (acto de pura vergonha este)
Estava, estava no sítio do costume. Mas a cegueira também é minha, que também não te vi.
Cumprimentos,
Miguel Domingues
Moral da história: Hugo Alves nunca mais se porá a escrevinhar no moleskine nas salas da Cinemateca!
Abraço
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial