sábado, novembro 26, 2005

O Autor: Nascimento da Política dos Autores, Práticas Críticas e Influências Geracionais pt.1

(trabalho em cinco partes devido à sua extensão)

1. O que é um “autor”?
Emergência da geração de críticos franceses dos anos 50 e as ideias por eles defendidas

A noção do cineasta como artista esteve sempre implícita na denominação do cinema como “7ª arte”. Ainda assim, desde o final da década de 40, a indústria norte-americana vinha a discutir quem era mais importante na feitura de um filme: o argumentista-realizador, o realizador, o argumentista ou a totalidade da equipa, num processo análogo à construção de uma catedral e típico de um momento em que a industria é forte. Contudo, apenas na França do pós-guerra a ideia de cineasta se tornou um elemento estruturante chave na critica e na teoria cinematográficas, nomeadamente através da política dos autores.

A política dos autores é uma das mais importantes e influentes ideias na história do cinema. Criada nos anos 50, relacionava-se com o existencialismo, na medida em que insistia em ideias como “liberdade”, “destino” e “autenticidade” aplicadas à produção artística. Afirmava que o cineasta devia ser suficientemente forte e competente para tomar todas as decisões importantes na elaboração e filmagem do filme, devendo igualmente levar a cabo todas as tarefas que conseguisse no processo, delegando as que não conseguisse em pessoas da sua confiança e que agissem de acordo com as suas indicações. Assim, iria impregnar o seu trabalho com a sua personalidade, consequentemente estabelecendo uma linha reconhecível na totalidade da sua filmografia, independentemente das condições físicas, sociais, politicas, económicas ou práticas de produção de cada objecto. Segue-se, então, uma importante distinção entre o realizador e o cineasta, sendo o primeiro alguém que transforma, única e simplesmente, um argumento em imagens, e o segundo alguém que usa o cinema como meio de expressão pessoal.

No limite, esta teoria despoletou um processo semelhante ao que teve lugar na literatura no século XVIII, estabelecendo o autor como dono, comercial e criativamente, do seu trabalho.

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