quinta-feira, novembro 30, 2006

POST NÚMERO 100


You want me to give you a prescription to cure life?

Nos últimos tempos, este blog tem sido uma das minhas tentativas de curar a vida. Obrigado a todos os que me têm acompanhado nessa tarefa impossível.

Etiquetas:

Votar é preciso!



Queria apenas relembrar que, no blog de Lauro António, decorre a votação para o melhor blog português de cinema. A votação é que, até ver, é muito pequena. Não interessa em quem votam; mas votem, por favor.

Etiquetas:

sexta-feira, novembro 24, 2006

É por coisas destas que eu adoro este gajo

É conhecido o conceito de «simpathy fuck». Mas eu aprovo mesmo é o conceito de «pity fuck». Acho uma coisa quase cristã.

Pedro Mexia no seu Estado Civil

Etiquetas:

terça-feira, novembro 21, 2006

R.I.P.

Etiquetas:

segunda-feira, novembro 20, 2006

Bergmanismos - III

Etiquetas:

Bergmanismos - II



Film as dream, film as music. No art passes our conscience in the way film does, and goes directly to our feelings, deep down into the dark rooms of our souls.

Etiquetas:

Bergmanismos - I


(Sobre Orson Welles) - For me he's just a hoax. It's empty. It's not interesting. It's dead. Citizen Kane, which I have a copy of- is all the critics' darling, always at the top of every poll taken, but I think it's a total bore. Above all, the performances are worthless. The amount of respect that movie's got is absolutely unbelievable. (...) I've never liked Welles as an actor, because he's not really an actor. In Hollywood you have two categories, you talk about actors and personalities. Welles was an enormous personality, but when he plays Othello, everything goes down the drain, you see, that's when he's croaks. In my eyes he's an infinitely overrated filmmaker.

(Sobre Godard) - I've never gotten anything out of his movies. They have felt constructed, faux intellectual and completely dead. Cinematographically uninteresting and infinitely boring. Godard is a fucking bore. He's made his films for the critics. One of the movies, Masculin, féminin, was shot here in Sweden. It was mind-numbingly boring.

(Sobre Antonioni) - He's done two masterpieces, you don't have to bother with the rest. One is Blow-Up, which I've seen many times, and the other is La Notte, also a wonderful film, although that's mostly because of the young Jeanne Moreau. In my collection I have a copy of Il Grido, and damn what a boring movie it is. So devilishly sad, I mean. You know, Antonioni never really learned the trade. He concentrated on single images, never realising that film is a rhythmic flow of images, a movement. Sure, there are brilliant moments in his films. But I don't feel anything for L'Avventura, for example. Only indifference. I never understood why Antonioni was so incredibly applauded. And I thought his muse Monica Vitti was a terrible actress.

Etiquetas:

sexta-feira, novembro 17, 2006

Prosas esparsas sobre The Departed


Em Parceria com o blog Um Milhão de Estrelas
i) Comece-se por afirmar: em momento algum põe The Departed em causa o PSSEC (Processo de Secularização de Scorsese Em Curso). Mas, dentro dos filmes já secularizados, é sem dúvida um dos melhores, projéctil voraz coberto de estilhaços laminados.

ii) Falar de Scorsese, do ponto de vista formal, é falar sobretudo de dois componentes estilísticos: a montagem avassaladora e a flexibilidade dos movimentos de câmara. Com a primeira, Scorsese corta e dilacera; com a segunda, edifica. O cinema de Scorsese é, então, um curioso oximoro.

iii) Lembro-me de ter lido, aqui há uns tempos, que a repetição dos autores, algo caluniada por parte da crítica, era no fundo normal, porque resultante do mergulho do cineasta em si mesmo. Se The Departed é muito, muito melhor do que, por exemplo, Gangs of New York (2002), é porque o mergulho é de muito maior fôlego. Arriscando uma análise semiótica imperfeita, é o regresso à boa forma na estrutura narrativa em triângulo que caracteriza Raging Bull (1980), Goodfellas (1990) e Casino (1995). Nesta estrutura, há uma linha ascendente de vértice inferior esquerdo ao vértice superior, e uma linha descendente do vértice superior ao vértice inferior direito. A base, ligação entre os dois pontos baixos (ligação entre entre os dois pontos mnais baixos, início e fim, do percurso das personagens), é onde se encontra o significado. The Departed é exímio na aplicação desta estrutura.



iv) O ítalo-americano, católico exacerbado, é, ao mesmo tempo, cada vez mais desesperado. A religiosidade de Scorsese está cada vez mais próxima de um fatalismo onde o mergulho nas trevas, mais do que uma inevitabilidade, é desejável como escapatória. Procuram-se as trevas porque a espera é o pior. É, por assim dizer, uma visão anti-pascaliana: a austeridade de nada serve, mais vale aceitar a punição. E quando ela chega, é sangrenta, rápida e dolorosa.

v) Este será um filme de que nos lembraremos quando pensarmos nos tristes dias da Administração Bush. Exemplo: Alec Baldwin (nunca pensei que fosse tão bom actor), rindo como uma doninha, a dizer que adora a forma como o Patriot Act lhe facilitou a vida. Nesse aspecto, nota-se que o cineasta respeita muito mais aquele (Frank Costello, criação genial e demente de Jack Nicholson, figura nietschziana sem rei nem Deus) que cumpre a americanidade sem precisar de fatos Armani: tira o que quer, quando quer e como quer. Porque sabe que, na selvajaria da Pátria da Liberdade, nunca ninguém lhe dará nada. Desagregação moral? Nos dias que correm chama-se-lhe competitividade...

vi) Ao ver The Departed – e peço desculpa antecipada pela falta de classe da imagem – lembrei-me das alheiras de Mirandela. Como as boas alheiras de Mirandela, este é filme muito bom, na medida em que foi feito com restos muito bons.







Há uns anos, levei uma prima a ver Bringing Out The Dead. Gostou tão pouco que cheguei a temer pela minha vida. Agora, foi a minha namorada que confessou, depois da sessão, ter desejado sair a meio. Será o universo de Scorsese irremediavelmente masculino?

Etiquetas:

quinta-feira, novembro 09, 2006

Só os Olhos Comem



Felizmente, Marie Antoinette não é um libelo feminista. A história da rainha de França acaba por ser contada em tons de “teenage angst” oitentista, berrante, luxuriante, veloz.

Antes de entrar na apreciação qualitativa, importa lembrar que a obra anterior DA Coppola (desculpem, provocação…) é um monumento em surdina cuja influência perdurará. Marie Antonette faria sempre figura de irmã mais nova, com maiores facilidades de percurso, mas sempre a ter de medir forças com o antecessor. Mas a verdade é que este é um filme algo imperfeito, sobretudo em termos rítmicos, diferente para melhor após a morte de Luís XV. Até então, o que se mostra é a preparação para a tomada do poder pelos futuros reis, vergados pelo peso do protocolo e das responsabilidades reais. É um filme que só se revela, esteticamente, depois dessa morte, porquanto o que vem antes é pesado e sofre, por exemplo, com o overacting de Judy Davis.

O segundo filme dentro de Marie Antoinette tem muito mais de The Breakfast Club (John Hughes, 1985) que de A Subida ao Poder de Luís XIV (Roberto Rosselini, 1966). É nessa altura, inclusivamente, que a música ganha batidas e os audaciosos anacronismos se revelam (All-Star à cabeça). Aí, a realizadora mostra todo o seu conhecimento em termos de cultura pop, e em que a música revela o bom gosto já habitual (New Order, Gang Of Four e The Cure). Mas falta sempre algo: espessura, significado, humanidade. Os olhos e os ouvidos saem refastelados. A cabeça pede mais do que coerência estética e encenação cuidadosa.

Etiquetas:

Há Festa na Aldeia (Global)

Etiquetas:

terça-feira, novembro 07, 2006

O Mal Menor



A quem possa interessar, no inicio deste mês subscrevi o Medeia Card, depois de ter cancelado o King Card.

Incoerência, depois de tudo o que aqui escrevi? Não. Ser cidadão deste país é saber escolher, quase quotidianamente, o mal menor.

Etiquetas:

quarta-feira, novembro 01, 2006

Horas na Cinemateca - V


i) Eu vi o Cinema e chama-se Bitter Victory.

ii) O cinema de Nicholas Ray é, constantemente, (citando Sérgio Leone), uma dança de morte. Não há qualquer escapatória para aquelas personagens, e o seu cinema não é mais que o gozo sádico mesclado de ternura de os ver cair. E isso já é bastante mais do que é habitual.

iii) Os dois majores encarregados de levar a cabo uma missão suicida têm contas a ajustar, contas de saias (aliás, a mulher que ambos amam é descrita em tons tão parcos e aparece tão pouco tempo que é mesmo isso, um pretexto). E a batalha que travam, em pleno deserto africano, para obter documentos indicativos dos movimentos de Erwin Rhommel no norte de Africa, acaba por ser não mais do que uma antecâmara para o seu combate pessoal.

iv) Esse combate pessoal é uma abstracção da luta entre acção e passividade. Mas essa luta também é uma luta que se desenrola também no interior das personagens. Quer o fabuloso Burton quer o assustador Jungers foram ambos, a seu tempo, exemplos de cobardia ou de coragem. São personagens que levam uma eternidade a serem descortinadas.


v) Bitter Victory é também, possivelmente, o melhor filme sobre a guerra não confundir com filme DE guerra) pré-Apocalypse Now. A diferença entre o assassinato e o acto de matar alguém em combate é discutida brilhantemente pelos dois protagonistas. A conclusão a que se pode chegar é a mais lógica, mas também a mais humana: todas as mortes são iguais. E, num contexto de barbárie, todos são, citando o título nacional de um filme de Ford, “homens para queimar”.

vi) Bitter Victory termina de uma forma absolutamente brilhante: um boneco de espuma, objecto de treino da chacina, a ser condecorado. É nisso que se transformam os homens na guerra entre poderes. E, muitas vezes, também nas guerras consigo próprios.

vii) Estas considerações desconexas só farão sentido para quem tiver visto o filme. Porque se há coisa que aprendi com esta obra-mestra de Ray é que há filmes que só com múltiplas visões podem ser pensados racionalmente. Nas primeiras visões, a emoção sobrepõe-se.

Etiquetas:


Free Hit Counter